Lenda da Moura Encantada

Nos Penedos ou Fragão, no sítio da Cruzinha, à direita do caminho do Relão, existe uma moura encantada, que, nas madrugadas de S. João costuma saír do seu esconderijo para vir expôr ao sol os seus tesouros magnificos de ouro reluzente.

Uma tarde, em que uma criança do povo passava por êsse caminho em direcção à vila, saíu-lhe ao encontro uma donzela de deslumbrante formosura, coberta de pedras preciosas e encheu-lhe o cesto ou cabaz de qualquer coisa, recomendando-lhe que o levasse à mãi sem ver o conteúdo.
A pequena, porém, a meio caminho, pelas alturas do Prado, como o cabaz lhe pesasse muito, pousou-o no chão e observou-o, e, vendo que continha carvão, despejou-o e seguiu para casa com êle vasio.

Contando à mãi o que se passara, suspeitou esta que a tal senhora linda fôsse a fada e cuidou logo, alvoraçada, de observar o cesto.
Efectivamente nas côrras ou vêrgas havia ainda poalha de oiro; afinal, o carvão que a filha deitara fóra, era, nem mais, nem menos, do que oiro finíssimo.

Correram, ansiosas e ofegantes ao local onde a pequena despejara o cesto, mas, oh decepção!, já não encontraram nada; a fada, que seguira de perto a criança, recolhera e levara de novo o oiro que ela, ignorante e curiosa, despejara no chão.

Responso de Sto. António

Santo António se levantou,
Suas mãos e pés lavou,
Seus sapatinhos calçou,
Seu cacheirinho buscou,
Seu caminho andou,
Nossa Senhora encontrou,
E Nossa Senhora lhe disse:
– António, onde vais?
Eu Senhora, convosco vou,
– Vós comigo não ireis.
Vós na Terra ficareis
Que as coisas perdidas
Vós as achareis.