Na Idade Média dava-se o nome genérico de “Terras” a certas regiões mais ou menos extensas, a que correspondia uma circunscrição jurisdicional, compreendendo povoações mais ou menos próximas umas das outras, ligadas entre si por laços morais de interesses, fóros, tradições e costumes. Assim se dizia Terras de Riba Côa, Terras da Beira, Terras de além do Monte, etc.
Essas circunscrições territoriais, em geral demarcadas por limites naturais, montes ou rios, subdividiam-se em sub-regiões que ainda também conservavam a mesma designação de Terras, como Terra de Alafões, Terra de Tavares, Terra de Azurara, nome genérico da sub-região, às vezes sem corresponder a nenhuma povoação, antes tomando estas aquele sobrenome, como Chãs de Tavares, Quintela de Azurara, etc., outras vezes adoptando o nome de uma povoação mais importante da área, como Terra de Algodres, Terra de Aguiar, Terra de Linhares, etc.
Mais tarde a designação de Terras foi substituída pela de Termo com significação mais restrita, aplicando-se este nome, como sinónimo de distrito e alfoz, a mais reduzidas circunscrições, a que se chamava concelhos.
As Terras de Algodres ou Região de Algodres abrangia o concelho do mesmo nome, vila e termo; Matança, vila e termo; o de Fornos, vila e termo; o de Figueiró da Granja, vila e termo; e ainda as vilas e termos de Infias e Casal do Monte.
O concelho de Algodres compreendia oito paróquias, que lhe formavam o termo, a saber, a sede, Casal Vasco, Ramirão, Cortiçô, Vila Chã, Muxagata, Fuínhas, Sobral Pichorro e Maceira, e a todas elas, como é natural, se adicionava o determinativo de Algodres, «Cortiçô de Algodres», «Vila Chã de Algodres», «Muxagata de Algodres».
Que ela emprestasse o nome às povoações do seu termo, era natural, mas a velha vila, como mais importante entre todas as da região, exercia a sua hegemonia e emprestava o seu nome ainda às outras terras e povoações que assentavam nas proximidades do seu termo, sem fazerem parte dele. Assim a vila de Fornos, apesar de viver e se administrar sobre si, com câmara e julgado próprios, viu-se, e vê-se ainda hoje, forçada, para se distinguir de outras terras com o mesmo nome, a adoptar o designativo regional de Algodres.
Ora foi com as povoações e área do concelho de Algodres e concelhos limítrofes que, se constituiu em 1836, o concelho de Fornos de Algodres, depois acrescentado, em 1898, com as freguesias de Além-Mondego, Juncais e Vila Ruiva. Desceram, pois, os antigos concelhos à condição de simples freguesias e as cinco vilas de Algodres, Figueiró, Matança, Infias e Casais do Monte passaram, daí em diante, a ser designadas por ex-vilas.
O primeiro administrador do novo concelho unificado foi José Coelho de Albuquerque, nomeado por portaria de 24 de Fevereiro de 1836, seguiu-se António Bernardo da Silva Cabral, e depois foram-no Francisco de Melo e Sá, com o seu substituto Agostinho Pedroso de Magalhães.
A primeira Câmara do novo concelho de Fornos, já ampliado, foi composta do presidente Anacleto José de Magalhães Taveira Mosqueira, presidente interino José Coelho de Albuquerque, e vogais Francisco Ferreira de Abreu, António José do Carmo e José António Clemente.