António Bernardo da Costa Cabral – Marquês de Tomar
António Bernardo da Costa Cabral, primeiro Conde e depois Marquês de Tomar, foi um dos políticos portugueses mais destacados do Séc. XIX.
Nascido em Fornos de Algodres a 9 de Maio de 1803, cedo se revelaram as suas invulgares capacidades intelectuais. Assim, foi com quinze anos para Coimbra cursar Direito, tendo-se formado com vinte anos apenas. Exerceu depois durante algum tempo a advocacia; tendo o seu valor sido reconhecido. Foi nomeado Membro do Tribunal de Segunda Instância em S. Miguel, nos Açores. Aí se casou com uma senhora inglesa, Luiza Mitchell Meredith Read.
Quando Portugal se dividiu na luta entre Absolutistas e Liberais, Costa Cabral tomou empenhadamente partido por estes, tendo participado no desembarque dos “bravos do Mindelo”, em 1832. Após as lutas desse período, com a vitória dos liberais foi chamado a desempenhar funções politicas de crescente relevância. Como deputado esteve ligado à reorganização administrativa de 1836, devendo-se certamente à sua influência a elevação de Fornos de Algodres a sede de concelho.
Depois em 1838, Costa Cabral foi chamado a desempenhar as funções de Ministro da Justiça e mais tarde, em 1842, já com novo governo empossado, de Ministro do Reino e da Instrução. Foi nessas funções que, em 1845, a rainha lhe concedeu o título de Conde de Tomar.
Posteriormente foi nomeado embaixador junto da Santa Sé, tendo-lhe então sido concedido o título de Marquês de Tomar.
Faleceu a 1 de Setembro de 1889, no Porto, na Foz do Douro.
António Menano
Nascido em Fornos de Algodres a 5 de Maio de 1895, de uma família de 12 irmãos, António Menano foi, sem sombra de dúvida, o mais conhecido e popular cantor de Fados de Coimbra.
Falar de António Menano é falar do Fado de Coimbra e da Década de Oiro. Matriculado na Universidade de Coimbra, Menano vê despontar a sua estrela em Março de 1915, quando canta um Fado em Aveiro, num sarau organizado pela A.A.C., com a participação da Tuna e do Orfeon.
António Menano tornou-se conhecido em todo o país através de numerosos discos que gravou, os quais correram Mundo, principalmente pelo Brasil e pelas províncias Ultramarinas.
Quem como ele cantou o “Passarinho da Ribeira”, “Coimbra, Menina e Moça”, o “Fado Hilário”, “As Rosas Brancas” ou “Adeus ó Vila de Fornos” ?
Concluído o Curso de Medicina, António Menano passa a exercer clínica em Fornos de Algodres, terra natal da família e onde os seus pais, António da Costa Menano e de Dª Januária Paulo Menano, residem.
Anos depois em 1933, abandonando voluntariamente a sua meteórica e impressionante carreira artística, que fora a mais prometedora da Década de Oiro ”1920-1930”, o Dr. António Menano parte para Moçambique onde exerce clínica durante quase 30 anos, pois só em 1961 regressaria definitivamente.
A sua última residência foi na rua José Falcão, Nº 57, 5º Esq. em Lisboa, onde viria a falecer a 11 de Setembro de 1969.
José Pinheiro Marques
Monsenhor José Pinheiro Marques nasceu em Figueiró da Granja em 1871. Fez os seus estudos eclesiásticos e foi ordenado Padre em 1895. Foi Sacerdote em várias terras do actual Concelho de Fornos de Algodres, e outras, antes de vir a ser Prior das Freguesias de S. Cristóvão e de Alcântara, em Lisboa.
Notabilizou-se como professor da Escola Académica de Lisboa, orador, ensaísta e, finalmente, Capelão da Casa Real. De entre as suas obras publicadas ressalta o seu ensaio de 1904 com o título “O Socialismo e a Igreja”. Como outras obras congéneres posteriores, é um estudo sobre a doutrina da Igreja no que diz respeito à Questão Social. São aí defendidas posições curiosamente avançadas e liberais para a época.
Em 1900 foi distinguido com o título de Capelão Fidalgo Honorário da Casa Real, por alvará de El-Rei D. Carlos. Monárquico por formação e convicção, viu-se envolvido nas convulsões subsequentes à implantação da República. Foi preso várias vezes em Lisboa, onde, na companhia de outras figuras monárquicas, correu as cadeias do Limoeiro e do Castelo de S. Jorge.
Também mais tarde na Beira, em prisões iniciadas em 1911 e continuadas nos anos subsequentes até 1919, data da tentativa monárquica de Paiva Couceiro, no decorrer da qual um grupo de monárquicos de Fornos, acompanhando o movimento do Norte, e com a ajuda de forças monárquicas de Viseu, restaurou a Monarquia na vila.
Deste período escreveu um interessante livro de memórias da sua vida e do seu tempo, que ficou inédito, intitulado: “As minhas Prisões”.
Escreveu também o livro “Terras de Algodres” (Concelho de Fornos), trabalho historiográfico de invulgar qualidade para a época e que ainda hoje continua a ser de elevada utilidade.
Em 1930 foi agraciado com o título de Monsenhor e acabou por falecer em 1940.
Manuel de Pina Cabral
Manuel de Pina Cabral nasceu na freguesia de Matança, mais concretamente no lugar da Fonte Fria, em 1746, tendo sido batizado no dia 27 de Janeiro de 1747.
As origens familiares de Pina Cabral inscrevem-se numa família de agricultores, eclesiásticos e militares. A sua infância foi marcada pelo estudo do latim desde tenra idade. Aliás, a família, em especial o pai, preocupou-se com a sua formação tendo encarregue um professor de gramática da sua instrução, mormente de o pôr em contacto com as “coisas latinas”. Em 1763 o seu pai, acreditando nas suas potencialidades, envia-o para a Universidade de Coimbra, matriculando-o no curso de Direito Canónico, embora não tenha obtido qualquer grau, o que originou uma certa tensão entre a família.
Em todo o caso, data precisamente do decénio de setenta do Séc. XVIII a entrada de Manuel de Pina Cabral na Ordem Terceira Regular de S. Francisco, tendo professado no dia oito de Dezembro de 1776, já com 30 anos, o que não foi muito normal naquela época pois regra geral tal verificava-se quando perfaziam os 15 ou 16 anos.
Desconhecem-se os motivos da opção pelo Instituto da Ordem Terceira de S. Francisco, mas talvez tenha sido pelo facto de se constituir como uma das mais prestigiosas escolas do país e nesse sentido ser um pólo de atração para aqueles que visavam obter uma sólida formação religiosa e cultural. No seguimento da entrada no Instituto Franciscano, Manuel de Pina Cabral viveu entre Lisboa e Coimbra, dedicando-se à investigação, mormente aos trabalhos filosóficos de natureza clássica, designadamente sobre Plauto e Terêncio.
Nesta época manteve uma relação muito próxima com Manuel do Cenáculo que duraria até ao final da sua existência. Não é possível determinar o exato momento em que Pina Cabral conheceu Frei Manuel do Cenáculo, figura que iria ser de grande importância na vida do latinista. O primeiro encontro entre ambos terá acontecido seguramente no decurso dos anos setenta da centúria de setecentos quando Pina Cabral resolveu ingressar na esfera eclesiástica, uma vez que Cenáculo exerceu nesta data cargos de relevo na congregação, designadamente a função de definidor e provincial da Ordem Terceira.
Em todo o caso, Frei Manuel do Cenáculo reconheceu em 1777 os méritos de Pina Cabral. E foram precisamente os seus méritos que acabaram por ser relevantes para que perfilasse como um dos principais candidatos à feitura de um novo dicionário de língua latina. Em 1780 foi dado ao prelo o dicionário de Latim-Português de Manuel de Pina Cabral intitulado de “MAGNUM LEXICON”. Esta obra de 727 páginas é um marco na história da lexicografia portuguesa.
O “Magnum Lexicon” foi sendo depurado por Pina Cabral nas sucessivas edições, sendo a de 1857 considerada como a melhor de todas.
O seu percurso revela-nos um homem oriundo de uma pequena localidade do interior que se afirmou na cultura e no governo de Instituições.
Desconhece-se a data da morte de Frei Manuel de Pina Cabral, mas deve ter acontecido cerca de 1810, uma vez que a última missiva enviada a Manuel do Cenáculo data de 1807 e a edição de 1819 do “Magnum Lexicon” já foi revista pelo autor. O local de sepultamento terá sido provavelmente a igreja ou o convento de Nossa Senhora de Jesus em Lisboa, na freguesia das Mercês, onde atualmente funciona a Academia das Ciências.