No mês de outubro de 2020 fomos visitados pelo West Coast – um coletivo nómada de investigação e criação artística – que aqui se instalou, enquanto residência artística e no contexto do seu projeto “Guarda-rios”, com o objetivo de dar a conhecer e potenciar o nosso território, nas suas diferentes dimensões – estética, cultural, social e ambiental.

Vimos no ciclo “Guarda-rios” uma forma de vincar e cimentar a importância do nosso magnífico Mondego e das várias ribeiras a ele associadas, enquanto imagem de marca de um concelho que tem tanto para oferecer e que quer, por isso e cada vez mais, dar-se a conhecer, através de novas e diferentes linguagens. Porque os rios – nas palavras do próprio coletivo West Coast e com as quais concordamos em absoluto – “enquanto linhas que definem e ligam territórios, espelham as relações complexas resultantes das práticas artesanais, industriais e agro-florestais, que acontecem nas suas margens”.

De facto, o nosso rio e as nossas ribeiras – dizemos nós – devem ser vistos como parte integrante da nossa história, da nossa identidade e, talvez ainda mais importante, do nosso futuro. E é por isso que relevamos projetos como este.

A ideia, então, foi dar a conhecer o concelho e a sua ligação – histórica e atual – ao Mondego e seus afluentes. Foram, assim, realizadas práticas de observação-escuta-investigação, procurando revelar e cruzar as dimensões múltiplas das realidades locais, que emergirão, quer através dos trabalhos do coletivo – fotografia, vídeo, instalação, performance – quer através de ações in loco – caminhadas, conversas e oficinas. A ideia é, no futuro, que os resultados destas atividades sejam apresentadas numa programação paralela de exposições e participações em espaços de cariz cultural, enquadrados em eventos de afinidade com as temáticas do projeto.

Partilhamos um pequeno texto, que o próprio coletivo nos enviou após a conclusão da residência artística, que mostra como, ao olhar de fora, o nosso território e a sua envolvente – nas mais variadas vertentes – tem tanto para oferecer. Um bem haja ao coletivo West Coast e um até à próxima.

“Nesta residência em Fornos de Algodres conhecemos pessoas apaixonadas pelo lugar onde vivem e que generosamente nos guiaram pelo património humano e natural em redor do médio e alto Mondego. Por este lugares, encontrámos belíssimos ribeiros como o da Muxagata ou mais a sul na serra, o Rio Alvoco, demarcados por uma incrível galeria ripícola de amieiros e salgueiros, onde pudemos avistar o melro-azul ou o guarda-rios – aves indicadoras de águas límpidas.

Sentimos uma energia de valorização dos modos de vida rural e da produção local, a partir de exemplos como o Lagar do Cadoiço, a queijaria Isabel Porfírio Reis, e a própria plataforma virtual O Bom Sabor da Serra que tem desempenhado um papel importante na defesa destes produtores face à pandemia que vivemos. Conhecemos também organizações como o CISE – Centro de Interpretação da Serra da Estrela, o CERVAS – Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens, o Rewilding Portugal e a equipa da Estrela Geopark, que nos falaram sobre a sua visão da montanha, em particular sobre a complexa relação entre o ser humano, os animais e a paisagem.

Sendo que o Guarda-Rios foi uma profissão humana (entretanto extinta nos finais dos anos 70) que exigia um conhecimento profundo do lugar, aproveitamos para agradecer aos “Guarda-Rios” que nos guiaram e inspiraram ao longo desta nossa residência”.

O West Coast pode ser visitado em https://west-coast.pt/guarda-rios

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